A Olimpíada de Língua
Portuguesa Escrevendo o Futuro
promove, em todo o País, concursos de textos produzidos por alunos da rede
pública. O objetivo é envolver os professores em um processo de formação para o
ensino da língua, despertando nos estudantes o interesse e o prazer pela
leitura e a escrita.
“O lugar onde vivo” foi o
tema comum para orientar todas as produções dos alunos. Assim, os versos, as
lembranças de adultos da comunidade, o olhar inusitado sobre o cotidiano e o
posicionamento pessoal diante de polêmicas funcionaram como pretextos para que
os jovens autores expressassem em palavras.
Os alunos das escolas
estaduais e municipais de Cerro Largo participaram da Olimpíada nos gêneros Poema (7 escolas), Memórias Literárias (5 escolas) e Crônicas (4 escolas). Cada escola participava com um texto por
gênero, sendo desses um escolhido para a etapa estadual. Da Escola Municipal
Pe. José Schardong foram escolhidos 02 textos, sendo um do gênero Poema da
aluna Camily Laís Lütkemeyer do 6º ano e do gênero Memórias Literárias da aluna
Sabrina Thais Bach do 7º ano, ambas orientadas pela professora de Língua
Portuguesa Valdete Tschiedel Krindges.
SINTO FALTA
Camily Laís Lütkemeyer
Sentimento
é uma coisa linda
É
um turbilhão de emoções
Sobe
e desce
Domina
meu coração.
Sinto
falta do meu tempo
O
meu avô hoje fala
Sinto
falta da tranquilidade
Do
lugar onde eu morava.
Mas
não pensem que foi fácil
Eu
de lá não queria sair
Pois
era o meu aconchego
Onde
eu era muito feliz.
Depois
de um tempo
A
saudade vai amenizando
A
tristeza se esvaindo
Tudo
ao normal voltando.
Ah,
como eu lembro
Dos
meus netos brincando
Correndo
pelo pátio
E
com schimia se lambuzando.
Nunca
me esqueço
Dos
churrascos lá de casa
Toda
a família reunida
Para
comer a carne assada.
Ah!
Que saudades
Tudo
era tão calmo
E
não tinha tristeza.
Pela
roça os meus netos
Viviam
correndo
Quase
sempre brigavam
Mas
isso era passageiro.
Os
meus netos
Amavam
a comida da avó
Pois
ela fazia com amor
E
eles eram seus xodós.
Apesar
do sofrimento
Que
todos nós passamos
Hoje
vivemos tão bem
Em
Cerro Largo moramos.
Felicidade
nunca faltou
Pois
a família sempre foi unida
Superando
obstáculos
Que
surgiam durante a vida.
AGORA JÁ PASSOU!
Sabrina Thais Bach
Subi
a escada, encontrei um baú, era grande, marrom. Abri-o. Encontrei dentro dele várias
coisas, entre elas uma caixa de tamanho médio, ela estava fechada.
Abri
depressa. Tinha fotografias. De quem será?
Eram
fotografias velhas, amareladas, umas maiores que as outras... Em algumas tinha
bastante gente...Quem será essas pessoas?
Imaginei,
reimaginei. Decidi pedir para o meu avô quem eram. Mas antes que ele me
respondesse olhei para ele atentamente, depois para um jovem sorridente, parecia
novo, alto não sei, meio magro... Estava entre outras pessoas. A fisionomia do
homem era parecida com a do meu avô, o sorriso era o mesmo e o formato do rosto
também. Seria meu avô?
Mas
meu avô era gordinho, baixinho... Então ele falou que era ele e sua família e
os dois velhinhos sentados eram meus bisavós.
As
lembranças daquele tempo foram voltando na memória do meu avô.
Ele
começou então a falar quem era cada pessoa, o lugar onde tiraram as fotos. falou
também que geralmente uma vez por ano tiravam fotografias.
E
as roupas? Era a bisa quem fazia. As que
não serviam mais iam para os irmãos menores, com os sapatos a mesma coisa.
Para
ir na escola, meu avô e o resto da cambada iam a pé, e não era perto, uns dois
quilômetros. A mochila? Me espantei! Era
um saco de açúcar, não tinha caderno, tinha lousa, gravavam tudo na mente,
porque precisavam apagar sempre.
- Existia
televisão vô? –Não. - foi a resposta.
- Não
tinha eletricidade? –Não. - respondeu novamente.
Onde
então guardavam a comida? Quando carneavam a carne era colocada na banha, o
resto da comida faziam o suficiente, mas o que sobrava era jogado fora se não
dava para guardar.
O
tempo foi mudando...
A
eletricidade só veio quando vovô era já casado com vovó. Muito tempo depois
surgiram as outras coisas...
Depois
de ouvir meu avô contar suas lembranças, comparei como é hoje. É muito
diferente!
As
brincadeiras da época de meu avô eram desimpedidas, brincavam com coisas mais
simples que encontravam. Hoje não, eu sei! Só nos contentamos com coisas mais
caras.
É,
meu avô teve uma infância e tanto...!
Meu
avô não é tão velhinho, mas ele gosta de comparar as coisas de hoje com as do
tempo dele. Era muito diferente! Hoje só tem tecnologia, é tudo moderno.
E
televisão não tinha? Surgiu um tempo depois, era preto e branco, se contentavam
com aquilo por minutos. Na antena tinha bombril para captar melhor o sinal. Só
as famílias mais ricas tinham as coloridas.
Nos
Natais sempre tinham bolachas. Vovô e os seus irmãos à noite sempre iam
“roubar” algumas bolachas, então chegava o grande Natal e não tinha bolacha.
Num Natal a bisa fez de tarde as bolachas e guardou-as. De noite, vovô e seus
irmãos não as acharam. No dia 24, a bisa foi na vizinha pegar as bolachas. É, a
bisa foi esperta, já que a vizinha não tinha filhos, ela pediu se podia deixar
lá. Mas também, naquela época, só tinha bolacha no Natal, por isso, acho que
vovô e seus irmãos gostavam tanto.
Lá
na caixa das fotos tinha duas fotos do vô com seus irmãos, do maior ao menor, o
menor era um guri, o tio Wilson. Na outra foto tinha as irmãs, também da maior
a menor, elas estavam bonitas, todas de vestido. Entre elas estava a tia Lucila.
Ela era muito vaidosa, eu conhecia tia Lucila. Para mim ela era a mais vaidosa
das irmãs, ela sempre andava bem vestida e maquiada, não era aquela maquiagem
escandalosa, mas sim somente um pó e batom...Tia Lucila morava longe, lá no
Paraná, vinha pra cá de vez em quando.
Depois
que eu e vovô conversamos fui para casa, moro há poucos passos da casa dele,
para tomar banho e jantar. É, foi uma tarde e tanto, talvez a melhor da minha
vida até hoje. Foram tantas lembranças, que pena que agora tudo já passou!!